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sábado, 5 de março de 2016

Chacina no castelinho


Uma história de glamour e sangue abalou a aristocracia paulistana na noite de 12 de maio de 1937. Três membros de uma das mais abastadas e tradicionais famílias, os Reis, foram encontrados mortos em circunstâncias misteriosas. O cenário do crime: o interior de um castelinho localizado na Rua Apa com a Avenida São João no centro de São Paulo. O imóvel é uma réplica de um castelo medieval, projetado e construído por arquitetos franceses no século passado, construído em 1912 e situado na rua Apa nº 236, esquina com a avenida São João, mesmo detonado, é um marco da paisagem da igualmente detonada da Av. São João, bem no trecho em que é sufocada pelo minhocão. Foi outrora o palácio de uma rica e tradicional família da cidade. A família Reis, viveu por vários anos no castelinho, entre os integrantes estavam o então Dr. Virgílio César Reis e sua esposa Maria Cândida Guimarães dos Reis e seus dois filhos, Álvaro Reis e Armando César dos Reis, ambos formados em direito. A família Reis compunham a alta sociedade de São Paulo da época e possuíam diversos investimentos e propriedades pela cidade, mas não era somente por isso que eram conhecidos, além de sua residência um tanto quanto diferenciada, o filho mais velho, Álvaro Reis, era conhecido como o típico playboy excêntrico, exibindo-se com belas mulheres da alta sociedade, boêmio e com adoração pela patinação, fazendo este pela Avenida São João, quando não estava a fazer malabares com sua motocicleta. No entanto após a morte do Dr. Virgilio, a família não ficaria mais do que um par de meses, na famosa residência, sendo vítimas de um inexplicável assassinato. As vítimas: os advogados Álvaro e Armando Cézar dos Reis e a mãe deles, Maria Cândida Guimarães dos Reis, a "dona Candinha". Eles foram encontrados mortos a tiros por uma empregada que morava numa casa anexa ao castelinho e foi atraída para o imóvel principal pelo barulho dos disparos. 



Uma pistola automática Parabellum, calibre 9 milímetros, foi encontrada ao lado dos corpos dos dois irmãos. 




Até hoje, passados 69 anos, o caso, que ficou conhecido como "O Crime do Castelinho da Rua Apa", permanece misterioso. Teria sido um duplo homicídio seguido de suicídio ou um triplo homicídio? A Polícia Técnica e os legistas do Serviço Médico-Legal de São Paulo apresentaram laudos contraditórios sobre a autoria dos crimes. A Polícia Técnica apontou Álvaro Cézar dos Reis, o filho mais velho de "dona Candinha" como o autor dos crimes. Segundo os peritos, Álvaro teria assassinado a mãe e o irmão Armando Reis e depois se suicidado com dois tiros no coração. Os médicos-legistas disseram o contrário: o autor seria Armando Reis, o filho mais novo de "Dona Candinha". Ele é que teria assassinado a mãe, o irmão e depois se matado. Para comprovar, afirmaram ter encontrado resíduo de pólvora na mão dele, indicando que Armando manuseou a arma. A polícia encampou a interpretação dos peritos. Dois dias depois do encontro dos corpos, os policiais afirmaram que o caso estava esclarecido e que Álvaro Reis era o autor dos crimes. Para respaldar esta conclusão, os policiais argüiram que Álvaro era considerado meio irresponsável, playboy, e aventureiro e estaria tentando construir um rinque de patinação em São Paulo, numa área onde funcionava um cinema pertencente a eles, que poderia trazer prejuízos para os bens da família. Armando seria contra o empreendimento. Por isso os dois irmãos viviam discutindo, inclusive publicamente. A Procuradoria do Estado, dois dias depois do crime, entrou com um pedido na Justiça Federal de São Paulo reivindicando a posse dos bens da família Reis a favor da União. A alegação: as vítimas não tinham deixado herdeiros diretos. A polícia afirmou a princípio que "Dona Candinha" fora assassinada com três tiros. Mais tarde, ficou confirmado que ele morreu em consequência de quatro tiros, um dos quais pelas costas. Dois projéteis retirados do corpo dela eram de um calibre diferente ao da pistola automática Parabellum. A segunda arma nunca foi encontrada. O fato poderia indicar que poderia ter havido uma quarta pessoa na cena do crime: o verdadeiro assassino que, também, nunca foi identificado. Por conta destas contradições surgiram grupos a favor e contra a inocência de Álvaro. Um de seus defensores foi uma socialite da época, Cândida Cunha Bueno, conhecida por "Baby" Cunha Bueno, namorada de Álvaro. Ela era uma mulher liberal, culta e à frente de seu tempo. "Baby" sempre defendeu a inocência dele. A partir da morte de Álvaro, "Baby" passou 51 anos consecutivos colocando flores no túmulo do ex-namorado no cemitério da Consolação em São Paulo, sempre nos dias 12 de cada mês - ele foi encontrado morto no dia 12 maio de 1937 . O ritual durou até 1988, ano em "Baby" morreu aos 97 anos. Um parente paga até hoje a uma floricultura para deixar flores no túmulo todo dia 12.




 ENVOLVIDOS
















 






Hoje em dia o castelinho passou por um prcesso demorado de tombamento e atualmente esperasse que sua reconstituição seja feita. Queria ter tido o prazer de vê-lo em sua glória. Pela descrição, era fabuloso. O atual dono fala de visitantes noturnos, barulhos. Mas nada que seja comprovado.



















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